No nosso mundo não é novidade que quem tem mais dinheiro, tem mais liberdade. Você quer viajar pelo mundo? Precisa de dinheiro. Você quer uma casa? Precisa de dinheiro. Quer compra aquela roupa top? Precisa de dinheiro.
Falando assim você pode erroneamente chegar a conclusão de que o problema é o dinheiro, acaba com o dinheiro e pronto, mágica, problema resolvido. Infelizmente não, uma coisa que temos que ter sempre na cabeça é que não existe solução fácil pra problema difícil. O dinheiro não é o problema ele é na verdade a solução.
Dificilmente uma pessoa tem o conhecimento e a capacidade pra fazer tudo que ela precisa pra viver. Por isso somos uma espécie social, pra nossa sobrevivência precisamos uns dos outros.
Imagine você produz arroz, Fulana produz feijão, é Beltrano produz roupas. Beltrano não vai comer roupa então ele precisa trocar com você e a Fulana. Há tranquilo ele da a roupa e recebe a comida usando um sistema de escambo como faziam os astecas 🤣 (Mas é sério eles realmente faziam isso).
O problema é, e se, você não precisa mais de roupa mais vc quer mais feijão? Então Beltrano precisaria ir primeiro trocar com a Fulana pra ter feijão e então trocar com você pelo arroz. Além disso imagine que todos vocês não moram próximos uns dos outros, então teriam que levar várias mercadorias que talvez o outro não queira ou precise para talvez conseguir o que vc precisa.
Você pode pensar tranquilo, mas por que nesse exemplo tem só 3 pessoas e 3 coisas, mas imagina nessa quantidade de coisas que existe hoje? Todo mundo teria que ir de caminhão cheio de coisas pra fazer compras ou contratar serviços. Então o dinheiro resolve o problema de transporte e de você não ter o que a outra pessoa quer. Assim se você vai fazer compra leva só o dinheiro e volta com o que você queria ao invés de um monte de coisas que você não conseguiu trocar.
O dinheiro não precisa necessariamente se de papel ou moedas de metal, na verdade desde que começamos a trocar coisas, naturalmente algumas coisas cumpriram essa finalidade de ser o dinheiro (o objeto que todos usam para trocar as coisas), os romanos por exemplo usavam o sal, dai o nome salario que vem do latim, salarium (pagamento feito com sal aos militares da Roma antiga). O astecas além de fazerem o escambo eles também usavam as sementes de cacau como moeda de troca.
Ok, se dinheiro não é problema, então como faço pra conseguir as coisas que eu quero ou preciso?
Faça algo em que os outros precisam e que você tem alguma destreza. Assim você vai ganhar mais dinheiro e aí troca por aqui o que você quer ou precisa.
Bom, digamos que você faz bolos de chocolate muitos gostosos, então você tem a brilhante ideia de vender seus bolos. Num mundo natural, libertário você faria seu bolo e depois sairia pra vender de casa em casa, ou na rua, ou qualquer outra forma de venda.
Mas no mundo atual, onde temos um estado pra "nós proteger", pra você vender seus bolos primeiro você tem que se registrar, tirar umas licenças, alvarás. Para conseguir essas licenças e alvarás você precisa seguir algumas normas e muitas vezes ter uma certa infraestrutura que inicialmente talvez você não tenha para que essas licenças sejam liberadas.
Isso para quem está começando pode ser um baita de um balde de água fria, o seu negócio pode morrer antes mesmo de começar. Mas nem sempre foi assim, no passado podia simples fazer teu bolo e vender.
- Por que mudou? A desculpa é te proteger, afinal você não quer correr o risco de comprar um bolo que foi feito com 0 cuidados de higiene não é mesmo? Mas o real motivo é dificultar concorrência, controle, marginalizar certos grupos, para que assim possam os extinguir. Quanto mais regulado o mercado, mais difícil para você e qualquer outra pessoa abrir um negocio
Pensa só, se você não pode simplesmente abrir seu negócio, então você terá a obrigação de trabalhar pra quem conseguiu abrir o próprio negócio antes do estado aplicar mais regulamentação. E se eles não quiserem te contratar? então você fica de fora do mercado formal, fica a margem, tendo que fazer coisas como roubar, traficar, vender ilegalmente entre outras coisas, se você quiser continuar vivendo.
- Há mais então eu tenho que correr o risco de comer algo estragado? Sim, você na verdade já corre o risco mesmo com essa burocracia toda. Se alguém consumir algo que faça mal, ou tenha consequências ruim depois, é só não consumir mais desse fornecedor, e caso acha necessário inicie uma disputa (coloca na justiça).
- Mas o estado impede que isso ocorra. Impede? As leis só são feitas depois que alguma coisa ruim já aconteceu e só por que é lei não quer dizer que vai ser respeitada, por exemplo, a tragédia da boate Kiss, ela tinha alvará pra funcionamento? não ela tinha o alvará vencido, mas se está vencido é por que tinha conseguido as licenças primeiramente ela só não os renovou, se ela paga-se, estaria com o alvará em dia e a tragédia aconteceria do mesmo jeito. E ela estava funcionando com o alvará vencido, prova como essas licenças não servem pra nada, quer dizer servem, pra roubar seu dinheiro e te atrapalhar.
As licenças não impedem o funcionamento das coisas mais dificultam as operações, pois fica mais difícil acesso a credito, e aquisição de equipamentos e contratação de pessoas.
Então você pode começar um negocio sem as licenças, mas você nunca vai poder crescer muito, pra crescer você terá que, em algum momento, se regular. Sem falar que operar de maneira irregular é um risco, você tem que ficar toda hora se preocupando se a fiscalização vai bater as suas portas, por que se ela bater você pode perde tudo. Um exemplo foi um jovem em Itajaí-SC que fazia alfajores pra ajudar com as despesas da casa, juntar dinheiro pra estudar e fazer um concurso e ajudar nos custo do tratamento de câncer do irmão de 12 anos. Ele foi abordado pela guarda municipal, e após constatarem que ele não tinha as licenças, tomaram sua caixa de isopor e os alfajores e destruíram, além de usarem mais da força que necessário. O rapaz não estava roubando, não estava importunando, só simplesmente estava tentando ganhar a vida. E como isso afeta pessoas trans? Bom, fora o mesmo jeito que afeta todas as outras pessoas, infelizmente ainda é comum que muitos lugares não querem contratar pessoas trans, por que são chamativas, por que espantam o publico e outros pré-conceitos, forçando as pessoas trans a trabalharem no que dá, no que sobra. Além disso se os donos das empresas não querem nos contratar, também não nos querem como clientes, fazendo que mesmo caso conseguimos uma forma de ganhar dinheiro, acabamos não tendo onde gasta-lo.
Lógico que já tem um tempo que esse cenário está mudando, aos poucos por insistência e resistência nossa, fomos conquistando espaço e relevância, ganhando presença no mercado mas não graças ao estado e sim apesar dos esforços dele de nos impedir. Hoje já é aceitável uma pessoa trans trabalhar, com arte, entretenimento, moda, beleza e até com tecnologia, mas somente em cargos de níveis mais baixos, ainda não temos tantas oportunidades em outros setores ou em cargos mais altos, muito provavelmente por que a maioria de nós não tem qualificação para esses cargos. mas a pergunta é, por que não temos qualificação? Novamente culpa do estado, é comum que pessoas trans frequentem escolas publicas, deste modo, além do problema comum que todas as pessoas sofrem, nível de educação fraca e ausência de matérias importantes, ainda temos outro problema, as escolas em maioria não estão preparadas estruturalmente e disciplinarmente para lidar com as necessidades e particularidades das pessoas trans, é comum os professores não estarem instruídos de maneira adequada de como lidar para resolver os conflitos comuns, que acontecem entre os alunos por motivos banais, imagina quando o motivo do conflito é discriminação com pessoas trans?
Por causa de todo esse despreparo a pessoa trans, acaba muitas vezes tendo dificuldade na aprendizagem e infelizmente muitas vezes acaba até largando os estudos. Uma solução poderia ser, estudar em casa. Mas adivinha? o estado acha que não, acha que os pais não tem capacidade de ensinar os filhos. O curioso é que os pais foram ensinados pelo estado, então eles estão confirmando que falharam ao ensinar os pais, mas querem ensinar os filhos.
Ok, talvez esse não seja o mais honesto dos argumentos, afinal saber sobre algo não é a mesma coisa que saber ensinar esse algo, mas isso deveria valer também na hora de contratar os professores. Digo por experiência própria, tive uma professora de artes em que nós é quem ensinávamos na aula dela, ela dizia que roxo e laranja também eram cores primarias, e quem dera essa fosse a única professora ruim que já tive, mas também tive excelentes professores que ensinaram muito mais do que só o conteúdo dos livros, a verdade seja dita.
Mas o ensino domiciliar poderia sim, ser a solução pra pelo menos parte das pessoas trans que abandonam os estudos, digo em parte por que muitas pessoas trans assim como outras pessoas das siglas LGBTQIAPN+, muitas vezes sofrem com a discriminação da própria família. Novamente o estado falha, na verdade falhou, por que a discriminação que os pais fazem aos suas própria crianças é alimentada, produzida pelo estado em suas infinitas falhas em não resolver os problemas e em impedir que quem tenha a solução possa exerce-la.
O estado falha ao não permite condições para pessoas trans se qualificarem, fazendo com que assim não consigam oportunidades melhores de empregos, falha ao dificultar e as vezes até impedir que abram seus próprios negócios, dificultando a ascensão de pessoas trans para classes sociais mais bem abastadas, por que esse sempre foi o objetivo do estado.
A monarquia pode ter deixado o estado, mas o estado não deixou a monarquia, tudo ao rei(governantes) e aos amigos do rei, aos outros migalhas.
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